RESENHA 1
Livro cedido pela editora para resenha
|
ISBN: 9788539507948
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 472
Editora: Fundamento
Ano de Lançamento: 2015
Número de Páginas: 472
Editora: Fundamento
Classificação: ♥♥♥♥♥ SINOPSE
Florença, 1914. Um homem misterioso deixa uma
criança recém-nascida aos cuidados das irmãs do convento de Santo Spirito. Uma
pequena chave prateada escondida em suas vestes é a única pista sobre sua
identidade. Quinze anos mais tarde, a vida da órfã Rosa Bellochi está prestes a
mudar. A jovem precisa deixar a proteção das freiras para se tornar a nova
preceptora da filha do marquês de Scarfiotti, membro da aristocracia local.
Entretanto, seu novo lar está prestes a ser também sua ruína. A atmosfera sombria
e cruel que envolve a família Scarfiotti vai destruir a inocência da moça e
arrastá-la para uma teia de assassinatos, conspirações e segredos, devastando
tudo ao seu redor. Contando apenas com seu instinto de sobrevivência e sua
paixão incondicional por um homem de passado sombrio, Rosa terá que enfrentar
um destino incerto e sacrificar sua liberdade, corpo e dignidade, mas nunca sua
fé em nome daqueles que ama. Toda recompensa requer um sacrifício. Somente o
amor poderá perdoá-la. Somente a verdade poderá salvá-la. Uma saga na Toscana é
um romance histórico arrebatador, repleto de amor e ódio, mentiras, intrigas e
mistérios em meio ao cenário desolador da Segunda Guerra Mundial.
Uma
Saga na Toscana, de Belinda Alexandra, é um livro cheio de reviravoltas,
mistérios, emoção e sutilezas. Lendo a sinopse imaginei um livro que trazia uma
história de amor e drama em meio à Segunda Guerra Mundial, mas é muito, muito
mais que isso. Eu fiquei surpreendida com os rumos que a história seguia, me
emocionei, me revoltei, me envolvi muito com a leitura!
Sou muito emotiva e sempre acabo me envolvendo muito com os personagens, e este livro me deixou com o coração na mão em muitos momentos. Rosa Bellochi foi deixada em um convento ainda bebê por um homem. Ele queria salvar a criança já que ali ela poderia ter um futuro melhor, mas fica o mistério de quem ele é e o por que a deixou lá. Também não sabemos a origem de Rosa e quem era sua mãe. Os anos passam e Rosa convive com as freiras, tendo uma educação rigorosa, mas muito culta, aprendendo diversas línguas, matérias e a tocar instrumentos musicais. Sua grande paixão e prazer é tocar sua flauta. Porém, após completar 15 anos, Rosa tem que deixar a proteção do convento para viver sua própria vida. Ela vai para a vila da família Scarfiotti, onde será preceptora de uma garota de 8 anos. Tudo estava indo bem, mas é ali, e a partir dali, que devido a um grande mal-entendido, Rosa se vê, ainda tão jovem, diante de uma situação que é o gatilho para que sua vida comece a mudar, seguindo caminhos tortuosos e muito difíceis, obrigando Rosa a descobrir sua força interior. E, claro, eu não tenho como contar ou resumir o que acontece, ou dar mais detalhes, sem soltar milhares de spoilers.
- Com toda a sua inteligência e generosidade, não tenho dúvida de que Deus tem um grande propósito para você, Rosa. Mas não aqui dentro dos muros do convento.
Sou muito emotiva e sempre acabo me envolvendo muito com os personagens, e este livro me deixou com o coração na mão em muitos momentos. Rosa Bellochi foi deixada em um convento ainda bebê por um homem. Ele queria salvar a criança já que ali ela poderia ter um futuro melhor, mas fica o mistério de quem ele é e o por que a deixou lá. Também não sabemos a origem de Rosa e quem era sua mãe. Os anos passam e Rosa convive com as freiras, tendo uma educação rigorosa, mas muito culta, aprendendo diversas línguas, matérias e a tocar instrumentos musicais. Sua grande paixão e prazer é tocar sua flauta. Porém, após completar 15 anos, Rosa tem que deixar a proteção do convento para viver sua própria vida. Ela vai para a vila da família Scarfiotti, onde será preceptora de uma garota de 8 anos. Tudo estava indo bem, mas é ali, e a partir dali, que devido a um grande mal-entendido, Rosa se vê, ainda tão jovem, diante de uma situação que é o gatilho para que sua vida comece a mudar, seguindo caminhos tortuosos e muito difíceis, obrigando Rosa a descobrir sua força interior. E, claro, eu não tenho como contar ou resumir o que acontece, ou dar mais detalhes, sem soltar milhares de spoilers.
- Com toda a sua inteligência e generosidade, não tenho dúvida de que Deus tem um grande propósito para você, Rosa. Mas não aqui dentro dos muros do convento.
O livro é narrado em terceira pessoa, e a autora traz em sua trama um drama intenso e passagens de grande impacto e força. Um ponto de destaque é a ambientação maravilhosa do livro, é impossível não se imaginar na Itália em meio às paisagens e cenários descritos pela autora. Também há grande riqueza de detalhes em sua narrativa de forma geral: personagens e personalidades muito bem delineadas; vestimentas, costumes, etc., descritos detalhadamente. A autora é muito detalhista. Ela consegue também passar muita emoção em sua narrativa, e é impossível não sentir a dor dos tempos difíceis que vão sendo apresentados na trajetória de Rosa.
Rosa passa por tantas coisas, tantas perdas, dores e dificuldades, que eu realmente me vi vivendo sua trajetória junto a ela, e sofrendo junto com ela. Também cada pequena alegria que ela conquistava ou recebia do destino me deixava cheia de esperança. Durante o livro ela amadurece muito, e muito cedo. Quando sua vida realmente começa, ela tem apenas 15 anos, e passa por tanta coisa. Ela passa de uma jovem inocente a mulher forte. Ela é persistente, é determinada, esperançosa e não desiste fácil diante das dificuldades. Realmente admirei Rosa e sua força, foi uma bela experiência acompanhar a sua história, realmente gostei da personagem e sua personalidade. Nem sempre concordava com suas atitudes, ou as entendia, mas com certeza admiro sua coragem e abnegação para enfrentar tudo o que surgia e por aqueles que ama.
Se
ter moral e compaixão eram defeitos fatais em tempos de guerra, Rosa não
duraria muito.
O livro é dividido em três partes, sendo que a segunda e terceira são muito reveladoras. Mas uma das coisas que me incomodaram um pouco é que a história muda muito em vários momentos. No começo tinha a impressão de que, apesar do que predizia a sinopse, a história seguiria um rumo mais sobrenatural, pois os primeiros capítulos assim fazem entender. Eu realmente fiquei surpreendida e empolgada, pois comecei a achar a ideia interessante e achei que ela seria desenvolvida de alguma forma específica ao longo do livro, mas não foi o que aconteceu. Tive esta impressão porque Rosa tem dons, ela consegue ver a origem das coisas: comidas, moveis, roupas, sapatos, etc. Por exemplo, quando ela vê uma comida ela consegue ver como o animal morreu e sentir sua dor e sofrimento. E isso lhe traz muita agonia. Também havia algo voltado para bruxaria, mas foi esquecido.
Outro
ponto é que há muitos personagens, e muitos simplesmente aparecem sem nenhuma
real importância para a história (mesmo parecendo que teriam), outros
simplesmente desaparecem ao decorrer da trama, e outros demoram para ressurgir.
Mas como cada personagem é muito bem caracterizado e tem sua personalidade bem
delineada, dá para se "localizar". O livro também tem muitos
mistérios deixados para trás, ficam no ar algumas questões, que infelizmente
não tem uma resolução. O grande problema do livro é que algumas ideias surgiram
no decorrer da trama, mas não foram encerradas e/ou desenvolvidas. Isso e a
narrativa detalhista demais em alguns momentos desnecessários, tornou, em
muitos momentos, a leitura um pouco cansativa e um tantinho frustrante, pois me
parecia que a autora se perdia em sua própria narrativa.
Este é o tipo de livro para se ler e apreciar com tempo e calma, pois a leitura é um pouco cansativa, apesar de ser ótima! Isso porque em muitos momentos a história fica bem parada e tem um desenrolar um tanto lento. Por outro lado, não posso deixar de pensar que este é um dos fatores que a tornam interessante e até especial. Pois, apesar dos mistérios e das questões que ficaram no ar, e do desenvolvimento lento em muitas partes, o foco principal do livro é a trajetória de Rosa. E, afinal, a vida é assim também cheia de surpresas e situações mal resolvidas, de dores, de anseios, de perguntas sem respostas, de perdas, de pequenas alegrias de despedidas sem retorno, etc., e de certa forma o livro traz isso em sua trama. Aliás, a meu ver é a Rosa o grande mérito do livro. Outro ponto positivo é que é perceptível o cuidado que a autora teve em se tratando de fatos históricos, trazendo temas como a Segunda Guerra Mundial, o poder do líder fascista Mussolini, e outros mais, e a história se torna muito crível.
Apesar de não ser um dos meus favoritos do gênero, e apesar de pontos negativos tem outros tantos positivos. Apesar de alguns acontecimentos e situações terem sido mais bem exploradas e explicadas que outras, outros passarem rápido demais e outros se estenderem muito, Uma Saga na Toscana, é em geral um livro muito interessante e emocionante. Tem muitas reviravoltas, uma personagem forte e marcante, muita emoção e lições. E o final foi digno e valeu muito a pena! Me deu aquela sensação de que tudo e todos estão conectados de alguma forma. Se você gosta do gênero e de uma leitura rica em detalhes, para se apreciar com calma, este livro é recomendadíssimo para você!
Este é o tipo de livro para se ler e apreciar com tempo e calma, pois a leitura é um pouco cansativa, apesar de ser ótima! Isso porque em muitos momentos a história fica bem parada e tem um desenrolar um tanto lento. Por outro lado, não posso deixar de pensar que este é um dos fatores que a tornam interessante e até especial. Pois, apesar dos mistérios e das questões que ficaram no ar, e do desenvolvimento lento em muitas partes, o foco principal do livro é a trajetória de Rosa. E, afinal, a vida é assim também cheia de surpresas e situações mal resolvidas, de dores, de anseios, de perguntas sem respostas, de perdas, de pequenas alegrias de despedidas sem retorno, etc., e de certa forma o livro traz isso em sua trama. Aliás, a meu ver é a Rosa o grande mérito do livro. Outro ponto positivo é que é perceptível o cuidado que a autora teve em se tratando de fatos históricos, trazendo temas como a Segunda Guerra Mundial, o poder do líder fascista Mussolini, e outros mais, e a história se torna muito crível.
Apesar de não ser um dos meus favoritos do gênero, e apesar de pontos negativos tem outros tantos positivos. Apesar de alguns acontecimentos e situações terem sido mais bem exploradas e explicadas que outras, outros passarem rápido demais e outros se estenderem muito, Uma Saga na Toscana, é em geral um livro muito interessante e emocionante. Tem muitas reviravoltas, uma personagem forte e marcante, muita emoção e lições. E o final foi digno e valeu muito a pena! Me deu aquela sensação de que tudo e todos estão conectados de alguma forma. Se você gosta do gênero e de uma leitura rica em detalhes, para se apreciar com calma, este livro é recomendadíssimo para você!
2. A síntese do amor
É
possível contar nos dedos quantos livros são capazes de nos fazer mergulhar de
cabeça na história. Principalmente nos levar à antiga e romântica Verona de1591.
Deparamo-nos com uma obra desse tipo quando nos deixamos levar pelos
sentimentos puros e intensos de “Romeu e Julieta”, um dos maiores presentes
deixados pelo gênio inglês William Shakespeare.
A obra “Romeu e Julieta” se passa na antiga Verona do século XVI, e põe em cena a rivalidade entre os Montecchios e os Capuletos, uma briga de famílias que acabou por ajudar o destino à selar o final de dois jovens amantes. Em um baile de máscaras na casa dos Capuletos, Romeu Montecchio conhece Julieta Capuleto. A paixão é mútua e instantânea. Ao descobrir que pertencem a famílias inimigas, os dois se desesperam. Mas o ódio de uma guerra que não lhes pertencia não consegue sobrepujar o amor do casal (afinal, o que é um nome?), que opta por se casar secretamente, com a ajuda do Frei Lourenço. Mas, por obra da fortuna, acabam por ocorrer desentendimentos e desencontros, o que sela o futuro de Romeu e Julieta: a Morte.
A peça aborda diversos outros temas, mas sem sombra de dúvidas o que mais se ressalta em toda a trama é o conceito de amor sem limites, onde a morte acaba sendo bem vida diante da escolha de uma vida em abstinência da companhia de seu verdadeiro amor. A essência da tragédia é a força da paixão. Ela é impulsiva, indomável e muitas vezes movida por pura teimosia. É possível imaginar que Romeu e Julieta se tornaram um casal representante do romance por causa dessa força. Até as autoridades religiosas, tão rígidas ao serem retratadas em outras obras, acabam por se curvar diante dos jovens amantes de Verona. O maior exemplo disso é o próprio papel do Frei Lourenço, que recorre a diversos meios (todos criticados pela sua posição religiosa) para unir o casal.
Algo que não pode deixar de ser notado em “Romeu e Julieta” é que em momento algum houve hesitação, incerteza ou dúvida, traços típicos das obras de Shakespeare, nessa reinou o amor inquestionável. Pode ser que o final seja trágico, mas o que realmente importa é que eles tinham a certeza do amor.
Muitos se perguntam se a história dos dois jovens realmente aconteceu, ou se foi somente fruto da imaginação de Shakespeare. Não há dados suficientes para comprovar que Romeu e Julieta existiram na realidade, mas isso só torna ainda mais inquestionável a perfeita técnica utilizada por Shakespeare, uma vez que uma peça escrita tantos anos atrás continua a despertar a imaginação dos leitores contemporâneos. Talvez esse desejo de transportar “Romeu e Julieta” para a realidade se baseie no fato de que hoje a existência de um amor arrebatador, puro e verdadeiro como esse, é praticamente remota. O que faz com que os leitores se fiem na esperança de que, pelo menos um dia no mundo, o amor foi amado como se deveria.
Outro ponto interessante em “Romeu e Julieta” é que amadurecemos junto com os personagens principais. Romeu abandona sua paixão platônica por Rosalina ao ver Julieta pela primeira vez, descobrindo o real sentido do amor. Já Julieta, ao se apaixonar por Romeu, marca a sua passagem ao “ser mulher”. Ela se torna racional, porém ainda apaixonada perdidamente, desafiando os desejos de seus pais, se tornando mais crítica com a Ama, apoiando Romeu mesmo quando este mata seu primo Teobaldo, buscando uma alternativa diante do iminente casamento com Páris e acatando esse plano, por mais ousado que seja, e ainda não se intimida diante da morte, acolhendo esta com os braços abertos uma vez que não poderia existir sem o seu Romeu.
Muitos criticam a linguagem utilizada na obra, deixando de lê-la somente por causa da maior dificuldade que esta apresenta, ou então, procuram adaptações que possuam um linguajar mais contemporâneo. Esse é um dos piores erros, pois as adaptações deixam a desejar, uma vez que apresentam a história como algo muito sucinto, sem dar a oportunidade ao leitor de apreciar a real obra de William Shakespeare.
Há muitos filmes que são adaptações de “Romeu e Julieta”, e, apesar de alguns serem louváveis, a maioria não consegue passar o real sentimento da obra, algo que só pode ser atingido através da leitura completa desta, com a fusão entre os sentimentos do leitor e da personagem.
A história do amor intenso e letal entre Romeu e Julieta é algo encanta os leitores de diversas gerações. Apesar do tempo, é uma obra atual, que mostra o amor em seu estado mais verdadeiro e inconsequente. É impossível ler esse livro sem que ele nos deixe profundamente marcados, dando suspiros pelo final, que apesar de ser conhecido por todos, não deixa de ser emocionante, arrancando algumas lágrimas pela intensidade do sentimento perdido entre os jovens. Resumindo, é uma obra completa, simplesmente perfeita e digna de inúmeras releituras e publicações que façam jus a sua fama.
Intenso, encantador, emocionante e atual, isso é Shakespeare.
A obra “Romeu e Julieta” se passa na antiga Verona do século XVI, e põe em cena a rivalidade entre os Montecchios e os Capuletos, uma briga de famílias que acabou por ajudar o destino à selar o final de dois jovens amantes. Em um baile de máscaras na casa dos Capuletos, Romeu Montecchio conhece Julieta Capuleto. A paixão é mútua e instantânea. Ao descobrir que pertencem a famílias inimigas, os dois se desesperam. Mas o ódio de uma guerra que não lhes pertencia não consegue sobrepujar o amor do casal (afinal, o que é um nome?), que opta por se casar secretamente, com a ajuda do Frei Lourenço. Mas, por obra da fortuna, acabam por ocorrer desentendimentos e desencontros, o que sela o futuro de Romeu e Julieta: a Morte.
A peça aborda diversos outros temas, mas sem sombra de dúvidas o que mais se ressalta em toda a trama é o conceito de amor sem limites, onde a morte acaba sendo bem vida diante da escolha de uma vida em abstinência da companhia de seu verdadeiro amor. A essência da tragédia é a força da paixão. Ela é impulsiva, indomável e muitas vezes movida por pura teimosia. É possível imaginar que Romeu e Julieta se tornaram um casal representante do romance por causa dessa força. Até as autoridades religiosas, tão rígidas ao serem retratadas em outras obras, acabam por se curvar diante dos jovens amantes de Verona. O maior exemplo disso é o próprio papel do Frei Lourenço, que recorre a diversos meios (todos criticados pela sua posição religiosa) para unir o casal.
Algo que não pode deixar de ser notado em “Romeu e Julieta” é que em momento algum houve hesitação, incerteza ou dúvida, traços típicos das obras de Shakespeare, nessa reinou o amor inquestionável. Pode ser que o final seja trágico, mas o que realmente importa é que eles tinham a certeza do amor.
Muitos se perguntam se a história dos dois jovens realmente aconteceu, ou se foi somente fruto da imaginação de Shakespeare. Não há dados suficientes para comprovar que Romeu e Julieta existiram na realidade, mas isso só torna ainda mais inquestionável a perfeita técnica utilizada por Shakespeare, uma vez que uma peça escrita tantos anos atrás continua a despertar a imaginação dos leitores contemporâneos. Talvez esse desejo de transportar “Romeu e Julieta” para a realidade se baseie no fato de que hoje a existência de um amor arrebatador, puro e verdadeiro como esse, é praticamente remota. O que faz com que os leitores se fiem na esperança de que, pelo menos um dia no mundo, o amor foi amado como se deveria.
Outro ponto interessante em “Romeu e Julieta” é que amadurecemos junto com os personagens principais. Romeu abandona sua paixão platônica por Rosalina ao ver Julieta pela primeira vez, descobrindo o real sentido do amor. Já Julieta, ao se apaixonar por Romeu, marca a sua passagem ao “ser mulher”. Ela se torna racional, porém ainda apaixonada perdidamente, desafiando os desejos de seus pais, se tornando mais crítica com a Ama, apoiando Romeu mesmo quando este mata seu primo Teobaldo, buscando uma alternativa diante do iminente casamento com Páris e acatando esse plano, por mais ousado que seja, e ainda não se intimida diante da morte, acolhendo esta com os braços abertos uma vez que não poderia existir sem o seu Romeu.
Muitos criticam a linguagem utilizada na obra, deixando de lê-la somente por causa da maior dificuldade que esta apresenta, ou então, procuram adaptações que possuam um linguajar mais contemporâneo. Esse é um dos piores erros, pois as adaptações deixam a desejar, uma vez que apresentam a história como algo muito sucinto, sem dar a oportunidade ao leitor de apreciar a real obra de William Shakespeare.
Há muitos filmes que são adaptações de “Romeu e Julieta”, e, apesar de alguns serem louváveis, a maioria não consegue passar o real sentimento da obra, algo que só pode ser atingido através da leitura completa desta, com a fusão entre os sentimentos do leitor e da personagem.
A história do amor intenso e letal entre Romeu e Julieta é algo encanta os leitores de diversas gerações. Apesar do tempo, é uma obra atual, que mostra o amor em seu estado mais verdadeiro e inconsequente. É impossível ler esse livro sem que ele nos deixe profundamente marcados, dando suspiros pelo final, que apesar de ser conhecido por todos, não deixa de ser emocionante, arrancando algumas lágrimas pela intensidade do sentimento perdido entre os jovens. Resumindo, é uma obra completa, simplesmente perfeita e digna de inúmeras releituras e publicações que façam jus a sua fama.
Intenso, encantador, emocionante e atual, isso é Shakespeare.
3. Resenha Crítica: "Planes" (Aviões)
Sem escapar à história do underdog que procura desafiar o seu destino e triunfar contra todas as expectativas, "Planes" consegue gradualmente afugentar o estigma de "filme elaborado inicialmente para home video, que a Disney lançou nas salas de cinema para ter mais lucro" e revelar-se uma agradável surpresa, que supera as expectativas e proporciona cerca de hora e vinte de puro escapismo. Não estamos perante o filme de animação mais criativo e desafiante do ano, mas sim perante uma obra que sabe das suas limitações, procura utilizar os clichés e a simplicidade do argumento a seu favor, conseguindo criar um universo narrativo coeso, composto por um protagonista interessante, bons personagens secundários e uma história sempre agradável de acompanhar, que procura não só entreter as crianças, mas também chegar aos pais que os acompanham às salas. O filme surge como um derivado de "Carros", algo que aparece logo mencionado no início da obra cinematográfica com a mensagem "Do Mundo de Carros" para o caso de alguém se ter esquecido, embora esteja fora da alçada da Pixar e tenha sido desenvolvido pela Disney, com o estúdio do Rato Mickey a incutir na história de alguns valores transversais aos seus filmes (amizade, superação, etc.) e alguns dos bons valores de produção a que nos habituaram.
A primeira grande surpresa em "Planes" começa exactamente pelo sólido trabalho a nível de animação, marcado por uma miríade de aviões que prometem traduzir-se em vários bonecos para os pais gastarem dinheiro, uma capacidade em explorar os diferentes cenários por onde se desenrola anarrativa e proporcionar algumas corridas emotivas pelos ares. Se o trabalho a nível de animação é sólido, já o seu enredo é previsível e cheio de lugares-comuns, embora saiba utilizar bem os mesmos ao serviço do enredo, com a história a ser bastante simples e fácil de resumir (sem spoilers). Dusty é um fumigador com medo das alturas, que sonha um dia participar no Rali Asas ao Redor do Mundo, algo em que poucos dos seus amigos acreditam ser possível, incluindo Dottie, uma empilhadeira (os carros estão responsáveis muitas das vezes pela manutenção dos aviões). No entanto, Dusty decide participar na qualificação para a competição, na esperança de ficar entre os cinco primeiros posicionados, algo que lhe valeria a entrada na prova. Apesar de surpreender tudo e todos, Dusty fica em sexto lugar. Sem esperança, este regressa à sua tarefa de fumigador até receber a notícia que o quinto classificado foi desqualificado por doping e Dusty foi chamado para a corrida. Com a ajuda improvável de Skipper, um solitário Corsário da Marinha fora do activo, Chug e Dottie, Dusty começa os treinos, qual Rocky Balboa a preparar-se para os combates até chegar ao grande dia.
A competição desenrola-se em vários locais ao redor do Mundo e conta com competidores de diversas nações, entre os quais o carismático alívio cómico e ladrão de cenas El Chupacabra (sim, é o estereótipo dos mexicanos), a francesa Rochelle, Ishani, a representante da Índia e interesse amoroso do protagonista, o campeão e vilanesco Ripslinger, entre outros personagens que vão povoar esta narrativa simples e previsível, mas capaz de manter a atenção, entreter e ainda proporcionar alguns risos. Não estamos perante a mais original das narrativas, nem a mais desafiante, parecendo tudo sempre demasiado seguro, com o realizador Klay Hall a parecer ter medo de arriscar e sair de uma zona de conforto da qual nunca se liberta. Apesar de toda esta segurança e previsibilidade, longe do que estamos habituados a ver em alguns filmes de animação da Disney, "Planes" funciona de forma bastante satisfatória, sendo capaz de se manter fiel às suas ideias e apresentar-nos a um universo narrativo coeso e agradável, composto por carros e aviões, onde somos compelidos a seguir a história de superação do protagonista, bem como algumas subtramas que facilmente captam a nossa atenção.
Entre essas subtramas é praticamente impossível não destacar a peculiar forma de El Chupacabra tentar conquistar e mostrar o seu interesse amoroso por Rochelle, o passado de Skipper, a relação entre Dusty e Ishani, entre outros, enquanto acompanhamos o protagonista a tentar superar as adversidades e vencer a competição. A história de superação já foi bastante utilizada e a estrutura narrativa apresentada em nada acrescenta ao género, destacando-se exactamente pelos seus personagens e o mundo que nos apresenta, superando obras como o recentemente estreado "Turbo" que colocava um caracol a correr no meio de homens, no interior de uma narrativa recheada de repetições e momentos demasiado absurdos, mesmo para um filme de animação. Diga-se que "Planes" também está longe de ser um primor de originalidade, o 3D apenas está no filme para aumentar o preço dos bilhetes e muitas das piadas surgem dos estereótipos associados às nacionalidades dos aviões, sendo claramente destinado ao público mais jovem, embora também pisque o olho aos adultos com algumas piadas que apenas estes entenderão. Ao longo de "Planes", Dusty pretende "fazer mais do que aquilo para que foi construído", um sentimento que não é partilhado pelo filme que protagoniza, que surge com uma história simples e previsível que pouco ou nada sai da sua zona de conforto, pretendendo apenas proporcionar algum escapismo inofensivo aos espectadores.
Classificação: 3 (em 5).
Título original: "Planes".
Título em Portugal: "Aviões".
Realizador: Klay Hall.
Argumento: Jeffrey M. Morgan.
Elenco vocal original: Dane Cook, Val Kilmer, Stacy Keach, Brad Garrett, Teri Hatcher, Julia Louis-Dreyfus, Priyanka Chopra, John Cleese.
Nenhum comentário:
Postar um comentário